Embora os responsáveis já tenham detetado crianças com uma apetência natural para a prática das modalidades e que podem vir a ser sinalizadas como potenciais talentos, esse não é o objetivo da iniciativa, apoiada pelo Plano Nacional de Desporto Para Todos.
“O nosso intuito é incutir o gosto por estas modalidades, é facilitar o acesso ao esqui e snowboard. Queremos deixar o bichinho nas crianças, para que voltem a praticar e tragam os pais e os amigos”, salienta, em declarações à agência Lusa, Jaime Rendeiro, o coordenador do projeto.
Apesar de viver na Covilhã, Joana Abrantes, de 11 anos, tal como os colegas, nunca tinha calçado uns esquis. Ansiosa pelo grande dia, passou a véspera a trocar mensagens com as amigas e, apesar das quedas, já consegue fazer os gestos técnicos, deslizar e tem o desejo de repetir a experiência.
“Queria fazer mais vezes, se houver oportunidade. Adorei. Está a ser um dia muito divertido”, diz, entusiasmada, enquanto tenta subir de lado, com dificuldade, a pista.
Maria de Lurdes Vitória, professora de educação física, destaca o que os alunos ganham “em experiências motoras distintas das que lhes são oferecidas habitualmente” e mostra-se satisfeita pela oportunidade dada às crianças.
“Embora sejam alunos de perto da serra, todos sabemos que é um desporto dispendioso, não acessível a todos. Portanto, estas iniciativas são ótimas para passarem por uma experiência que se não fosse assim penso que nunca iriam ter”, acentua a docente, em declarações à agência Lusa.
Jaime Rendeiro reconhece serem desportos caros, mas frisa existirem atualmente programas da federação, da Estância da Serra da Estrela – onde as aulas passam a decorrer assim que houver neve – e dos clubes que permitem praticar a preços mais baixos.
“As pessoas têm a ideia de que é um desporto elitista. É verdade que para se praticar em alta competição exige um grande esforço financeiro, mas para se ter uma experiência de uns dias, já não é um desporto tão proibitivo como as pessoas julgam”, comenta o coordenador do Ski 4 All, que estima serem necessários cerca de 50 euros para um dia de esqui.
Na iniciativa têm também participado crianças com vários tipos de deficiência, como é o caso de Rute Machado, de 11 anos, invisual desde a nascença, para quem saber que ia fazer pela primeira vez esqui “foi empolgante”. Depois de ouvir atentamente as instruções, não demorou até começar a deslizar e ao final da manhã já sabia travar.
“Isto é difícil de explicar, mas bom de sentir. É como se eu fosse uma ave”, descreve.
O Ski 4 All prolonga-se até ao Dia Mundial da Neve, a 20 de janeiro, e até lá acolhe crianças de distritos próximos da Serra da Estrela, mas também de Lisboa e Beja.
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