Mais de 200 crianças
fizeram pela primeira vez esqui e snowboard na última semana, na pista
sintética do SkiParque, em Manteigas, no âmbito do Ski 4 All, projeto
que até janeiro vai abranger 1.200 jovens.
O programa, promovido pela Federação de Desportos de Inverno de Portugal (FDIP),
tem inscritas escolas de seis distritos, que mediante o pagamento de um
euro, um valor simbólico, estão a pôr os seus alunos em contacto com os
desportos de Inverno.
Embora os responsáveis já tenham detetado
crianças com uma apetência natural para a prática das modalidades e que
podem vir a ser sinalizadas como potenciais talentos, esse não é o
objetivo da iniciativa, apoiada pelo Plano Nacional de Desporto Para
Todos.
“O nosso intuito é incutir o gosto por estas modalidades, é
facilitar o acesso ao esqui e snowboard. Queremos deixar o bichinho nas
crianças, para que voltem a praticar e tragam os pais e os amigos”,
salienta, em declarações à agência Lusa, Jaime Rendeiro, o coordenador
do projeto.
Apesar de viver na Covilhã, Joana Abrantes, de 11
anos, tal como os colegas, nunca tinha calçado uns esquis. Ansiosa pelo
grande dia, passou a véspera a trocar mensagens com as amigas e, apesar
das quedas, já consegue fazer os gestos técnicos, deslizar e tem o
desejo de repetir a experiência.
“Queria fazer mais vezes, se
houver oportunidade. Adorei. Está a ser um dia muito divertido”, diz,
entusiasmada, enquanto tenta subir de lado, com dificuldade, a pista.
Maria
de Lurdes Vitória, professora de educação física, destaca o que os
alunos ganham “em experiências motoras distintas das que lhes são
oferecidas habitualmente” e mostra-se satisfeita pela oportunidade dada
às crianças.
“Embora sejam alunos de perto da serra, todos sabemos
que é um desporto dispendioso, não acessível a todos. Portanto, estas
iniciativas são ótimas para passarem por uma experiência que se não
fosse assim penso que nunca iriam ter”, acentua a docente, em
declarações à agência Lusa.
Jaime Rendeiro reconhece serem
desportos caros, mas frisa existirem atualmente programas da federação,
da Estância da Serra da Estrela – onde as aulas passam a decorrer assim
que houver neve – e dos clubes que permitem praticar a preços mais
baixos.
“As pessoas têm a ideia de que é um desporto elitista. É
verdade que para se praticar em alta competição exige um grande esforço
financeiro, mas para se ter uma experiência de uns dias, já não é um
desporto tão proibitivo como as pessoas julgam”, comenta o coordenador
do Ski 4 All, que estima serem necessários cerca de 50 euros para um dia
de esqui.
Na iniciativa têm também participado crianças com
vários tipos de deficiência, como é o caso de Rute Machado, de 11 anos,
invisual desde a nascença, para quem saber que ia fazer pela primeira
vez esqui “foi empolgante”. Depois de ouvir atentamente as instruções,
não demorou até começar a deslizar e ao final da manhã já sabia travar.
“Isto é difícil de explicar, mas bom de sentir. É como se eu fosse uma ave”, descreve.
O
Ski 4 All prolonga-se até ao Dia Mundial da Neve, a 20 de janeiro, e
até lá acolhe crianças de distritos próximos da Serra da Estrela, mas
também de Lisboa e Beja.