19.7.12

Vale do Zêzere confirma-se como “Meca” do parapente nacional

O concelho de Manteigas e o Vale do Zêzere dispõem de condições «únicas» para a prática do voo de competição em parapente a nível nacional. Esta posição partilhada por organizadores e pilotos saiu reforçada na última edição do Open Serra da Estrela, que terminou na quinta-feira. Pela primeira vez, realizaram-se cinco mangas seguidas nos seis dias da competição que conta para o Nacional, mas que também atraiu praticantes de outros países.

O atual campeão nacional de parapente, vencedor deste Open, sustenta que as potencialidades desta zona para o voo de competição são «únicas» porque «em mais nenhum local do país temos uma dimensão de vales e de montanha tão grande como aqui». Pedro Moreira sublinha que «é um local excelente para competição», sendo a zona do Vale do Zêzere «claramente a melhor do país». O piloto de Esposende ressalva que as condições nos dias da prova «não foram as ideais para o voo, mas como esta zona é muito versátil consegue-se sempre fazer mangas mesmo que a meteo não esteja de feição». A campeã feminina, Sílvia Ventura, considera que «esta zona específica do Vale da Amoreira e da Azinha já não precisa de provar nada a ninguém, pois é a “Meca” do parapente a nível nacional e os pilotos vêm do norte e do sul voar aqui». Para a piloto de Setúbal, o sítio tem «capacidades ímpares para a prática da modalidade», dispondo de «um misto de montanha e plano que conjuga as caraterísticas ideais para voo térmico e, em termos competitivos, é um dos sítios que reúne todas as condições para a modalidade».
Cristiano Pereira, da Flymaster, empresa que disponibilizou “trackers” – pequenos aparelhos dotados de GPS – a baixo custo, é outro dos pilotos que só tem elogios para a zona: «A Azinha é o melhor sítio do país para se realizar este tipo de desporto, já que tem um vale com um microclima muito especial e, saindo dele, temos depois o planalto da Meseta Ibérica que nos permite criar distâncias consideráveis e têm-se atingido aqui os maiores recordes de Portugal», recorda o praticante de São João da Madeira.
Manteigas pode acolher Open Britânico em 2013
De Inglaterra veio Emma Casanova, que voou pela primeira vez em Portugal e confessou ter descoberto uma «região maravilhosa», com «grandes colinas e condições fantásticas» para a competição, ela que costuma voar em «grandes montanhas». A piloto garante que vai voltar no futuro e revela ter encetado negociações com a organização do Clube de Voo Livre Vertical para que o Open Britânico do próximo ano se possa realizar em Manteigas: «Adorava trazer os pilotos do meu país para desfrutarem destas excelentes condições», afirma. Também os pilotos de asa delta elogiam as condições para a prática do voo porque, «normalmente, os tetos estão mais altos e temos mais possibilidades de subir nesta zona do que noutras regiões. Há mais descolagens que nos permitem voar de um sítio para o outro ou de descolagem para descolagem consoante os vários ventos que se apresentam nos diferentes dias», realça Ricardo Marques da Costa. O piloto de Lisboa encontra «muitas vantagens» na Serra e considera que tem as descolagens quase todas altas, «o que dá tempo suficiente para encontrar as térmicas e podermos fazer o nosso voo com conforto e segurança».
No final do Open, o diretor técnico da prova fez um «bom» balanço da competição, isto apesar da meteorologia «não ter ajudado muito» com ventos bastante fortes à tarde. «Mas permitiu-nos voar cinco dias seguidos, o que é uma coisa raríssima. Organizo competições há 20 anos e não me lembro de ter feito cinco mangas seguidas como este ano», afirmou Vítor Baía. Na competição participaram 80 pilotos, 69 de parapente e 11 de asa delta, enquanto outros voaram por lazer, num total de cerca de 100 inscritos no Open. Vítor Baía destacou o facto de terem participado pilotos da Austrália, Finlândia, Inglaterra e Venezuela e confirmou que estão em «sérias negociações» para Manteigas acolher o British Open em 2013. «Como não têm grandes condições de voo lá, escolhem sempre outros países da Europa. Temos o processo negocial em curso para ver se somos os organizadores de uma prova com 130 pilotos, todos estrangeiros, e que traz muitas mais-valias à região», realçou o especialista.
Pedro Moreira foi o grande vencedor
A nível competitivo, no parapente, Pedro Moreira não deixou os seus créditos por mãos alheias e foi o primeiro com 4.317 pontos no total das cinco mangas, ficando à frente do brasileiro-australiano Felize Rezende (3.687) e do português Nuno Virgílio (3.665). Já nas senhoras, Sílvia Ventura foi a melhor com 1.852 pontos, deixando Emma Casanova a 331 pontos e a húngara Rita Vogel, que apenas participou em três mangas, a 676. Já na competição de asa delta, Paulo Frade foi o primeiro com 1.597 pontos nas duas mangas pontuáveis, seguido de João Ramos (1.278) e Manuel Neto (1.054).

in O Interior

4.7.12

Manteigas “pisca o olho” a Valhelhas e Verdelhos

No âmbito da reforma administrativa do poder local, o presidente da Câmara de Manteigas não esconde o desejo do seu município poder vir a integrar as freguesias de Valhelhas e Verdelhos que fazem parte, respetivamente, dos concelhos vizinhos da Guarda e Covilhã. Esmeraldo Carvalhinho enviou recentemente ofícios aos seus congéneres a explicar os seus argumentos e está ciente de que esta é uma questão «melindrosa».O autarca da Covilhã já manifestou a sua oposição a esta proposta. O edil de Manteigas explica que o artigo 17º da lei da reforma administrativa determina que «se acordarem entre si, os municípios podem alterar os limites territoriais», daí que tenha solicitado aos presidentes de Câmara da Guarda e da Covilhã se estariam disponíveis «para nos sentarmos à mesa e conversarmos acerca da eventual alteração dos limites do concelho». Esmeraldo Carvalhinho refere que a mudança sugerida só será possível «se houver consenso com as outras Câmaras», sustentando que cumpriu o seu papel de ter manifestado uma vontade da autarquia e da Assembleia Municipal: «Estou à espera que me respondam. Não sei se terei resposta. Sei que é uma questão um bocado melindrosa e sei que um autarca não gosta de ver o seu território ser reduzido, mas temos de olhar para o país e para os nossos territórios de uma forma diferente, obviamente na ótica da melhoria da qualidade de vida das populações, que é para isso que trabalhamos», realça. O presidente do município serrano aponta alguns benefícios que poderiam ser conseguidos, nomeadamente, na «ótica da consolidação dos territórios e tendo em conta os aspetos da poupança, da restrição orçamental dos custos do funcionamento dos serviços dos municípios e até dos do Estado». Nesse sentido, exemplificou que transportar uma criança de Valhelhas para a Guarda ou de Verdelhos para a Covilhã «fica mais caro ao Estado» do que transportá-la para Manteigas, que «tem os mesmos graus de ensino, básico e secundário, e com a mesma qualidade». De resto, o autarca sustenta que «este é apenas um exemplo do que se passa, não só na área da Educação, mas também ao nível de diversos setores de gestão descentralizada do Estado». Por outro lado, Esmeraldo Carvalhinho considera que o concelho de Manteigas «podia crescer, consolidando o território com estas duas localidades», até porque as freguesias em causa «aproximam-se muito das nossas caraterísticas geológicas e naturais», argumenta. O autarca adianta mesmo que tem conhecimento de que em Verdelhos há uma «percentagem significativa» da população que vê «com bons olhos uma eventual passagem para o concelho de Manteigas e de Valhelhas também há muita gente a achar que seria bom». E acrescenta que os habitantes daquela freguesia do concelho da Guarda «fazem vida em Manteigas, os seus jovens usam os nossos equipamentos desportivos e aqui recorrem para acesso aos estabelecimentos comerciais e ao nosso centro de Saúde e de Verdelhos muito mais». Um conjunto de argumentos que parece não ter eco na Guarde e na Covilhã. Contactado pelo jornal O Interior, Carlos Pinto, edil do município covilhanense, disse apenas que o «presidente da Câmara de Manteigas anda a sonhar acordado». Por sua vez, Virgílio Bento, vice-presidente da autarquia da Guarda, que presidiu à última reunião do executivo não quis comentar o assunto por desconhecer o ofício em causa.

in O Interior