O concelho de Manteigas e o Vale do Zêzere dispõem de condições «únicas» para a prática do voo de competição em parapente a nível nacional. Esta posição partilhada por organizadores e pilotos saiu reforçada na última edição do Open Serra da Estrela, que terminou na quinta-feira. Pela primeira vez, realizaram-se cinco mangas seguidas nos seis dias da competição que conta para o Nacional, mas que também atraiu praticantes de outros países.
O atual campeão nacional de parapente, vencedor deste Open, sustenta que as potencialidades desta zona para o voo de competição são «únicas» porque «em mais nenhum local do país temos uma dimensão de vales e de montanha tão grande como aqui». Pedro Moreira sublinha que «é um local excelente para competição», sendo a zona do Vale do Zêzere «claramente a melhor do país». O piloto de Esposende ressalva que as condições nos dias da prova «não foram as ideais para o voo, mas como esta zona é muito versátil consegue-se sempre fazer mangas mesmo que a meteo não esteja de feição». A campeã feminina, Sílvia Ventura, considera que «esta zona específica do Vale da Amoreira e da Azinha já não precisa de provar nada a ninguém, pois é a “Meca” do parapente a nível nacional e os pilotos vêm do norte e do sul voar aqui». Para a piloto de Setúbal, o sítio tem «capacidades ímpares para a prática da modalidade», dispondo de «um misto de montanha e plano que conjuga as caraterísticas ideais para voo térmico e, em termos competitivos, é um dos sítios que reúne todas as condições para a modalidade».
Cristiano Pereira, da Flymaster, empresa que disponibilizou “trackers” – pequenos aparelhos dotados de GPS – a baixo custo, é outro dos pilotos que só tem elogios para a zona: «A Azinha é o melhor sítio do país para se realizar este tipo de desporto, já que tem um vale com um microclima muito especial e, saindo dele, temos depois o planalto da Meseta Ibérica que nos permite criar distâncias consideráveis e têm-se atingido aqui os maiores recordes de Portugal», recorda o praticante de São João da Madeira.
Manteigas pode acolher Open Britânico em 2013
De Inglaterra veio Emma Casanova, que voou pela primeira vez em Portugal e confessou ter descoberto uma «região maravilhosa», com «grandes colinas e condições fantásticas» para a competição, ela que costuma voar em «grandes montanhas». A piloto garante que vai voltar no futuro e revela ter encetado negociações com a organização do Clube de Voo Livre Vertical para que o Open Britânico do próximo ano se possa realizar em Manteigas: «Adorava trazer os pilotos do meu país para desfrutarem destas excelentes condições», afirma. Também os pilotos de asa delta elogiam as condições para a prática do voo porque, «normalmente, os tetos estão mais altos e temos mais possibilidades de subir nesta zona do que noutras regiões. Há mais descolagens que nos permitem voar de um sítio para o outro ou de descolagem para descolagem consoante os vários ventos que se apresentam nos diferentes dias», realça Ricardo Marques da Costa. O piloto de Lisboa encontra «muitas vantagens» na Serra e considera que tem as descolagens quase todas altas, «o que dá tempo suficiente para encontrar as térmicas e podermos fazer o nosso voo com conforto e segurança».
No final do Open, o diretor técnico da prova fez um «bom» balanço da competição, isto apesar da meteorologia «não ter ajudado muito» com ventos bastante fortes à tarde. «Mas permitiu-nos voar cinco dias seguidos, o que é uma coisa raríssima. Organizo competições há 20 anos e não me lembro de ter feito cinco mangas seguidas como este ano», afirmou Vítor Baía. Na competição participaram 80 pilotos, 69 de parapente e 11 de asa delta, enquanto outros voaram por lazer, num total de cerca de 100 inscritos no Open. Vítor Baía destacou o facto de terem participado pilotos da Austrália, Finlândia, Inglaterra e Venezuela e confirmou que estão em «sérias negociações» para Manteigas acolher o British Open em 2013. «Como não têm grandes condições de voo lá, escolhem sempre outros países da Europa. Temos o processo negocial em curso para ver se somos os organizadores de uma prova com 130 pilotos, todos estrangeiros, e que traz muitas mais-valias à região», realçou o especialista.
Pedro Moreira foi o grande vencedor
A nível competitivo, no parapente, Pedro Moreira não deixou os seus créditos por mãos alheias e foi o primeiro com 4.317 pontos no total das cinco mangas, ficando à frente do brasileiro-australiano Felize Rezende (3.687) e do português Nuno Virgílio (3.665). Já nas senhoras, Sílvia Ventura foi a melhor com 1.852 pontos, deixando Emma Casanova a 331 pontos e a húngara Rita Vogel, que apenas participou em três mangas, a 676. Já na competição de asa delta, Paulo Frade foi o primeiro com 1.597 pontos nas duas mangas pontuáveis, seguido de João Ramos (1.278) e Manuel Neto (1.054).
in O Interior